No último dia 27 de maio, o Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei que dá o pontapé inicial ao Future-se. O programa, apresentado por Weintraub no ano passado, coloca em risco a autonomia universitária ao propor a entrega da administração das instituições educacionais às organizações sociais (OS). O projeto também é uma forma de facilitar a privatização do ensino superior no país, ao retirar do Estado a responsabilidade do financiamento público da educação em nível de graduação e pós.

Encaramos o ato como uma forma antidemocrática, uma vez que estamos impossibilitados de realizar mobilizações nas ruas, devido à necessidade do distanciamento social. É também um descaso com a população brasileira, já que o foco do governo nesse momento deveria ser no combate à pandemia e na valorização da vida humana, não no corte dos poucos direitos que temos.

Como dito na reunião ministerial que veio a público, o desgoverno de Bolsonaro está aproveitando desse momento difícil, em que os esforços deveriam estar concentrados em combater o Covid-19, para aprovar projetos que destroem o Brasil. É um absurdo que justamente quando as desigualdades sociais estão em evidência, nós tenhamos que lidar com o desmonte na educação brasileira, que serve para distanciar ainda mais as fronteiras sociais no país.

Desde a divulgação do Future-se em 2019, o projeto foi debatido com afinco dentro das instituições federais de ensino e rejeitado completamente pela comunidade acadêmica. O projeto foi, inclusive, uma das pautas responsáveis pelo Estado de Greve aprovado pelo SINASEFE no início deste ano, antes da necessidade do distanciamento social, devido ao seu aspecto meritocrático e mercadológico.